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Os dados desta notícia, não sendo oficiais, pois são provenientes de uma linha que atende de forma anónima, são preocupantes, embora a realidade possa ter valores mais elevados. Não conheço o funcionamento da linha, mas não me espantaria que aqui recorressem mais, aquelas pessoas que acabam por não apresentar qualquer queixa oficial. Existem casos em que o agredido não apresenta queixa, nem sequer aos órgãos de gestão da escola. Por que será? Óbvia falta de confiança nesses órgãos e na justiça em geral. E pr vezes,… vergonha. Se acrescentarmos à agressão física a violência verbal, os números serão muito mais altos. Neste momento, a muitos professores, aplica-se um velho “dito” lusitano, que diz que “menina séria não tem ouvidos”. Há casos de agressão verbal inaudita em que o docente simplesmente ouve e cala.
Como sempre a informação jornalística é dúbia e incompleta, deixando portas abertas a várias interpretações.
No início do texto há a informação que a linha SOS não tem parado de tocar com mais de uma queixa por dia, indicando 150 agressões. Mais à frente indica 128 telefonemas e o registo de 50 queixas por agressão. Em que ficamos?
Das agressões refere que 37,2 % dos agressores são os alunos e 21% são os encarregados de educação. Quem são os outros 40% dos agressores? Auxiliares de acção educativa? Outros professores?
O assunto é demasiado sério e grave para ser tratado jornalisticamente de forma tão leviana.
No Expresso de 24 de Março, Miguel Sousa Tavares, numa análise opinativa à interferência dos tribunais na acção governativa, volta a arremeter contra os professores que recorreram aos tribunais por causa das aulas de substituição, e que exigiam que estas lhes fossem pagas como horas extraordinárias.
Está difícil, para ele, entender o que na realidade aconteceu.
Eu explico-lhe mais devagar.
Os… poderes…executivo….e …judicial…são…independentes….
O… governo… deve… governar…. Presume-se … que… o… governo… governa… cumprindo…as…leis…. Quando… o… governo… não… cumpre… a.. lei…, apenas… resta… a… quem… é… vítima… desse… incumprimento… recorrer… aos… tribunais…. No… início… do… ano… lectivo… a… legislação… vigente… classificava… as… aulas… de… substituição… no… ensino… secundário… como… serviço… extraordinário…. Quem… foi… obrigado… a… trabalhar… nessas …condições… teve… todo… o… direito… de... pedir… que… a… lei… fosse …cumprida….
O… governo…, sabendo… que… não… tinha… razão…, alterou… a… lei…, e… com… a… entrada… em… vigor… do… novo… estatuto… da… carreira… docente…, mas… só… depois… deste… acto…., as… aulas… de… substituição… deixaram… de… ser… consideradas … serviço…. extraordinário…. Mas…, para… isso,…. foi… preciso… mudar… a… lei….
Não… se… tratou… de… o… tribunal… estar… a… governar…, mas… de… exigir… que… fosse… cumprida… uma… lei… feita… por… um… outro… governo….
A … quem… é…. que… Miguel… Sousa… Tavares…. sugere… que … o… cidadão… recorra… quando… é…. vítima … do… incumprimento…. da… lei?....
Deve… fazer… justiça… pelas… próprias… mãos?
Não… pode…, nem… deve…. Os… tribunais… servem… para… que… se faça… a… justiça…num… estado… de… direito….
Fiz-me… entender….?
Se …for… preciso…., explico… ainda… mais… de…va…gar….
A capa do JN de 11 de Fevereiro titula “ Faltas de professores baixaram para metade”.
É mentira. Pode parecer um preciosismo da minha parte, mas não é. Estamos perante um informação de má qualidade. É cometido um erro relativo de 25% na afirmação que é feita. Se acreditarmos nos números, ( que ninguém viu nem sabe como são contabilizados), diminuiu de 10% para 6% o número de faltas. Metade seria para 5%. Como se desvia 1% da verdade num total de 4%, estamos perante um desvio relativo de 25%, entre a queda real e a publicitada.
Toda a notícia serve para cantar loas às aulas de substituição como sendo a causadora dessa diminuição, sem haver qualquer dado que confirme essa conclusão, partindo de um título mentiroso.
Não se pretende analisar a situação do absentismo mas glorificar as aulas de substituição.
Basta ler este parágrafo:
“Não é possível fazer uma relação directa entre a diminuição das faltas e a obrigatoriedade de as escolas preencherem os famosos "furos", mas o Ministério da Educação acredita que as aulas de substituição deram "um poderoso contributo" para a quebra do absentismo dos docentes.”
( o sublinhado é da minha autoria)
Temos um Ministério a trabalhar com base na fé e não no saber.
Concluem a partir do “nada”, daquilo que mais convém, esquecendo outros factores importantes. A diminuição, ainda apenas previsível no 1º período, do número de faltas ao abrigo do artigo 102, o fecho de centenas de escolas do 1º ciclo, com o deslocamento de professores para mais perto da sua área de residência, a previsível influência do número de faltas na progressão na carreira, e aquele que poderá ser o mais relevante: a possibilidade de permuta. Este último factor terá evitado muitas faltas. Conheço muitas situações de faltas evitadas por existência de permuta, não conheço nenhum caso em que alguém não faltasse por saber que seria substituído.
Quanto às aulas de substituição, podem existir muitos argumentos que as justifiquem, mas fico à espera da demonstração que elas são um factor relevante da diminuição das faltas dos professores. A minha formação académica leva-me a que, embora admita todas as hipóteses, apenas aceite como verdadeiro aquilo que me conseguem demonstrar.
A revista Visão publicou em 21 de Setembro um suplemento sobre o Estado da Educação.
À mistura com a informação prestada, surge um trabalho essencialmente opinativo por parte dos jornalistas que o efectuaram.
São apresentados valores estatísticos preocupantes, mas seria interessante perceber a causa da sua existência e os jornalistas não fazem esse trabalho.
Teria muito mais interesse perceber a diferença dos números entre os diferentes países. Há valores que estão relacionados com a forma como se estrutura o sistema educativo e que não podem ser comparados.
Em relação a um aspecto concreto, o número de horas que os professores passam anualmente nas escolas, quando se apresentam valores mais altos para outros países, falta informar sobre quantas semanas são contabilizadas em cada país, o que fazem os professores quando estão na escola, que espaços ocupam, como está organizado o seu horário, que condições de trabalho têm. Nada disso é feito. Apenas surge um título que ocupa duas páginas: “Muitos que fazem pouco”.
Aliás, em relação a esse parâmetro, não consigo perceber como é que a OCDE chegou ao valor indicado para Portugal. Não consigo calcular o valor apresentado.
Não faço ideia da qualidade dos indicadores estatísticos fornecidos pelos restantes países. Em relação a Portugal não tenho grandes dúvidas que alguns serão pouco fiáveis. Quem trabalha no sistema educativo sabe que uma das piores características que possui é a má qualidade dos circuitos de informação. Essa comunicação é má tanto dentro de cada escola como na comunicação entre cada estabelecimento e as estruturas organizativas superiores, tanto no sentido ascendente como no descendente. A informação não passa e muitas vezes é transmitida com muitas lacunas.
Voltando ao trabalho jornalístico, este mostra tudo o que não deve ser um trabalho rigoroso.
Se os jornalistas pretendiam comparar Portugal com os restantes países deveriam fazê-lo sempre como os mesmos.
Não é isso que se passa. Em cada quadro estatístico os países vão sendo alterados, de modo a que na selecção feita Portugal fica sempre mal colocado.
Num indicador faz-se a comparação com Espanha, E. Unidos, Grécia, Inglaterra, Irlanda, Islândia, Luxemburgo, México e Suécia, mas noutro já se compara com Alemanha, Dinamarca, Espanha Grécia, Irlanda, Noruega, Polónia e Suiça.
Mais importante do que informar parece ser apresentar valores que justifiquem as afirmações produzidas nos textos.
Jornalismo deste teor é dispensável.
A qualidade dos orgãos de informação em Portugal, em especial no que se refere notícias sobre educação, é bem patente nestes dois casos: aqui e aqui.
Cada um pode seleccionar a versão que mais lhe agrada.
Informação baseada em ses, em opiniões mal fundamentadas, em números parciais,etc.
Um leitor que não acredite na independência política dos orgãos de informação será levado a pensar que uma notícia foi colocada pelo governo e outra pela oposição.
Ainda bem que não é assim!
No Diário de Notícias de hoje vem um título curioso.
“Mais professores por aluno não trava insucesso.”
Tirando a falta de clareza do título que deveria querer referir “menos alunos por professor”, tornando-o mais perceptível, existe uma manipulação numérica que não esclarece devidamente, comparando números absolutos (no caso dos docentes) com as comparações percentuais (no caso do insucesso).
Os números indicados são os seguintes:
“…o efectivo docente cresceu em 15 milhares, até aos actuais 154 170. Pela primeira vez, há em Portugal mais de um professor por cada dez alunos.
Mas os resultados escolares estão longe de acompanhar este rácio, ao nível dos melhores exemplos europeus. Nos mesmos dez anos, a taxa de retenção e desistência no ensino básico desceu só 1,8%, de 13,8% para 12%. No secundário, os desempenhos passaram mesmo a ser piores, com 33,8% dos alunos a perderem o ano contra os 33,1% de 1995/96.”
Vamos então fazer contas com os números fornecidos.
Há dez anos havia 154000-15000 = 139170 professores. O aumento foi (em percentagem) de (15000/139170)x100 = 10,8 %.
O aumento da taxa de retenção no secundário foi (0,7/33,1) x 100 = 2,1%
A diminuição da taxa de tenção no básico foi de (1,8/ 13,8) x100 = 13%.
Vemos então situações completamente distintas, nos diferentes níveis de ensino, que a notícia deveria tentar explorar, parecendo existir, num dos casos, uma significativa diminuição do insucesso motivada pelo aumento de docentes.
No entanto, a forma como os números são apresentados na notícia, nem sequer dá para fazer essa análise, pois seria necessário comparar qual foi a variação do número de docentes em cada um dos níveis, para se tirar qualquer conclusão relevante.
Além disso, colocar o Ensino Básico todo junto não faz sentido. Na análise que se pretende fazer seria mais interessante, separar o regime de monodocência do 1º ciclo, dos 2º e 3º ciclos.
Compare-se apenas o que é comparável. Só dessa forma as conclusões poderão ter alguma credibilidade.
Mais uma vez a falta de qualidade da imprensa portuguesa é patente. Os jornalistas não trabalham a informação, não pesquisam, limitando-se a servir o que já lhes chega à mão num “bonito embrulho”.
Reina o desencontro de opiniões sobre a colocação dos professores dos quadros de zona pedagógica do (ex) grupo 8º B,( Português-Francês).
O senhor Secretário de Estado afirma que foram os professores deste grupo que optaram por concorrer no grupo 300 (português) em vez do grupo 320 (francês). Os sindicatos e professores dizem que não é verdade.
O facto de terem concorrido ao grupo 300, fez com que ficassem excluídos dos horários de francês, não tendo ficado afectos a uma escola.
Uma pequena pesquisa, não muito profunda, sobre a informação que existe sobre o concurso pode mostrar quem tem razão e as “baralhadas” a que as informações prestadas levaram.
Comecemos pelas informações prestadas nas FAQ’s do site do Ministério da Educação relativamente aos concursos, datadas de de 1 de Março de 2006.
a) Pergunta: Sou Licenciado(a) em Línguas e Literaturas Modernas – Variante Português/Francês: Posso candidatar-me aos grupos de recrutamento de códigos 300 e 320?
Resposta: Pode, de acordo com o definido no n.º 3 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 20/2006, de 31 de Janeiro, conjugado com o disposto nas alíneas g) e i) do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 27/2006, de 10 de Fevereiro.
Assim, se possuir as habilitações profissionais para esses grupos de recrutamento, acrescidas da realização do estágio pedagógico no grupo de docência 8.º-B, designadamente nas disciplinas de Português e Francês, poderá ser opositor(a) aos grupos de recrutamento supracitados.
O que está aqui escrito parece permitir concorrer em qualquer um dos grupos aos professores com o curso de Português/Francês.
b) . Pergunta: Sou Docente do Quadro de Nomeação Definitiva do Grupo de Docência 8.º-B, e a Variante da minha Licenciatura é Português/Francês: Qual o grupo de recrutamento a que devo candidatar-me? Posso candidatar-me aos grupos 300 e 320?
Resposta: Os docentes dos quadros do Grupo de Docência 8.º-B (Português/Francês) devem reportar-se ao grupo de recrutamento de código 300 (Português).
Afinal, percebe-se desta resposta, que a informação obtida da questão anterior não é válida para todos os professores com o referido curso. Só os professores pertencentes aos quadros podem concorrer ao grupo 300. Mas uma questão se coloca. Que quadros? A pergunta refere-se aos Quadros de Nomeação Definitiva, mas a resposta é mais lata e abrange “os quadros”, ou seja, engloba também os Quadros de Zona Pedagógica.
Mas parece que ainda não estavam esclarecidas todas as dúvidas e surge uma nova questão.
c) Pergunta: Gostava de ser esclarecido(a) sobre os Pontos 3, 4 e 5 do Capítulo III do Aviso de Abertura dos Concursos, relativamente aos grupos de recrutamento a que podem ser opositores os docentes dos quadros dos Grupos de Docência 8.º-A, 8.º-B e 9.º.
Resposta: Providos
8.º-A (Português, Latim e Grego) ---> 300 (Português
8.º-B (Português/Francês) ---> 300 (Português)
9.º (Inglês/Alemão) --->330 (Inglês)
Providos
8.º-B (Francês/Inglês; Francês/Alemão ; Francês/Espanhol) ---> 320(Francês)
9.º (Francês/Alemão; Português/Alemão;Alemão/Espanhol) ---> 340(Alemão)
Mais uma vez a confirmação de que os professores dos Quadros, (por isso designados providos), e com o curso de Português/Francês, apenas podem concorrer ao grupo 300.
Uma dúvida surge. Em que é que se basearem as fontes oficiais do ministério para dar estas informações?
A resposta parece óbvia. Apenas o puderam fazer na legislação.
A alínea i) do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 27/2006, de 10 de Fevereiro afirma:
i) As habilitações profissionais para o grupo de recrutamento Francês (código de recrutamento 320) são as que conferem qualificação profissional para o grupo de docência 8ºB (Português e Francês) do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, previsto no Decreto-Lei n.º 519-E2/79, de 29 de Dezembro, com a realização do estágio pedagógico nesse grupo de docência e na disciplina de Francês;
Nada aqui indica que os professores com a licenciatura em Português/ Francês (profissionalizados no 8º B e com estágio em francês), não pudessem concorrer ao grupo 320.
O aviso de abertura do concurso deste ano tem escrito em III 3.
Os candidatos pertencentes aos quadros dos antigos grupos de docência 8.ºA
(Português, Latim e Grego) e 8.ºB (Português e Francês) devem reportar-se ao grupo de recrutamento de Português, código 300.
Parece ser óbvio, com base na legislação publicada, que a descodificação é complexa. Não se percebe bem como se faz o encontro entre o Decreto-Lei n.º 27/2006 e o Aviso de Abertura.
O senhor Secretário de Estado antes de falar à comunicação social deve ter lido o Decreto-Lei n.º 27/2006 que confirma o que ele disse, mas já o aviso de abertura parece contradizê-lo.
Talvez tenha sido esta complexidade que levou a tantas dúvidas no concurso e à colocação das três questões atrás enunciadas. As respostas seguiram as indicações do Aviso de Abertura.
O senhor Secretário de Estado tem razão, tendo em consideração o o Decreto-Lei n.º 27/2006, mas então por que é que ele, ou alguém da equipa que ele chefia, ou por ordem da equipa governativa de que faz parte, colocou aquelas respostas no site da DGRHE?
Fica a pergunta a que não me apetece responder.
Apesar dos vários esclarecimentos que vão sendo feitos, continuo desde o início da tarde a ouvir que os “professores vão ter que comunicar que irão faltar”. Os professores já têm que comunicar que vão faltar. Não há nenhuma alteração neste aspecto. No entanto, a mentira de tanto estar a ser repetida está a transformar-se em verdade, e a permitir a conclusão de que os professores actualmente podem faltar sem ter que fazer essa comunicação aos Conselhos Executivos.
Ouve-se o título da notícia, ouve-se o desmentido no desenvolvimento, mas o título repete-se hora a hora.
Afinal qual é o papel dos órgãos de informação? Será o de apenas retransmitirem tudo o que lhes chega?
Será que não é sua missão fazer uma análise crítica da informação quando os intervenientes prestam declarações contraditórias? Não lhes compete ir procurar a “terceira via”?
Estas questões vêm a propósito da polémica que está a opor o Ministério da Educação (ME) e as editoras de manuais escolares.
O ME fala em alhos e as editoras respondem com bugalhos. Não consigo perceber qual é exactamente o problema, apesar de já ter ouvido várias notícias em diferentes canais televisivos.
Não se percebe se vai haver atraso nos manuais escolares do próximo ano, qual a causa desse possível atraso, quais os manuais que podem sofrer atraso… enfim não se percebe nada.
Como já é costume para o ME os maus da fita são sempre os outros. Até pode ser que sim, mas… como se dizia numa quadra de um texto de um antigo livro da instrução primária.
Coitado do mentiroso,
Mente um a vez, mente sempre.
Mesmo que diga a verdade
Todos lhe dizem que mente.
Se nos telejornais em vez de ouvirmos a um entrevistado, aquilo que o entrevistador já referiu que ele disse, que por sua vez o apresentador já tinha dito que ele diria, se visse um pouco mais de pesquisa sobre os assuntos abordados, talvez os intervenientes nas notícias fossem mais concretos e esclarecedores.