No início de Setembro realizar-se-ão eleições para a coordenação de vários órgãos: departamentos, áreas disciplinares, conselhos coordenadores de ano, coordenadores de directores de turma etc.
Para todos estes cargos apenas poderão ser eleitos professores titulares.
Quando um docente entrega um boletim de voto nas eleições para estes órgãos tem, além do voto nulo, outras duas hipótese: votar num nome dos elegíveis ou votar em branco. Tão legítima é uma como outra situação, embora possam ter significados diferentes.
Eu lutei contra este estatuto. Fiz os dois dias de greve consecutivos, convencido que valia a pena. Senti alguma frustração, quando, ao chegar na 6ª feira à escola, me apercebi da insignificância do número de grevistas numa escola com mais de 100 professores. Aliás o facto de ter filhos em duas escolas diferentes, que não sofreram qualquer perturbação da sua actividade, já era um sintoma que me fazia adivinhar o resultado.
Tivessem sido outros os números da greve, e o estatuto da carreira docente também seria outro.
Vejo muitos colegas que no momento se calaram e agora reclamam pontos e proclamam a injustiça deste concurso para titular. É caso para dizer, usando uma expressão popular: “tarde piaste”.
Aliás, sofrendo de “umbiguismo”, apenas reclamam contra este concurso, porque lhes toca directamente, esquecendo outras normas muito lesivas do Estatuto da Carreira Docente.
Embora tenha que viver com este estatuto, também posso lutar com ele. O voto é secreto e cada um pode fazer com ele o que quiser.
Imagine-se, numa atitude meramente especulativa, que nas várias escolas do país as eleições de coordenadores resultavam em votos brancos. Imagine-se se na solidão do acto de votar os professores agissem de forma que esse voto pudesse ser consequente. Tenho sérias dúvidas que este estatuto resistisse a alguns milhares de nomeações de coordenadores por via administrativa. Mas…claro que isto é tudo imaginação e especulação.
Eu sei, de forma muito clara, o que farei com o meu voto.
Último lamento. É com pesar, que, 30 anos depois de 1974, escrevo que me senti coagido para redigir os dois anteriores parágrafos na forma em que estão.
De
Eugénia a 15 de Junho de 2007 às 13:02
Esta questão parece um pouco à margem, mas eu já sou muuuuuuito velha.
Caro colega, nunca vote em branco. O branco suja-se com facilidade. Ora se hão-de ser outros a "sujar", tenha esse prazer você mesmo. Faça um risco janota que anule a coisa. Paradoxalmente, deste modo ficará mais clara a sua posição.
Vejamos se percebi o seu último parágrafo. O que quer dizer é que se auto-censurou?
De
Paulo a 16 de Junho de 2007 às 11:45
A auto-censura funcionou na perspectiva da escolha da linguagem a utilizar. Linguagem essa que não permitisse uma acusação de incumprimento a alínea a) do art 10ºB do ECD.
"Colaborar na organização da escola, cooperando
com os órgãos de direcção executiva e as estruturas
de gestão pedagógica e com o restante pessoal
docente e não docente tendo em vista o seu bom
funcionamento"
Imegine-se que haveria uma abstenção total. Seria falta de colaboração com os orgãos e estruturas por parte dos votantes?
O voto é secreto e ninguém poderia ser acusado de nada. Mas imaginemos que alguém apelasse ao voto em branco. Configuraria uma atitude de falta de colaboração?
Nas condições actuais é mais seguro navegarmos pelo reino da imaginação.
De
Eugénia a 20 de Junho de 2007 às 23:22
Mas quem eram até aqui os coordenadores na minha escola?
Tempos houve em que eram aqueles que se queria beneficiar no horário. Redução de horas para coordenar isto, de mais umas horas para coordenar aquilo e lá davam meia dúzia de aulas semanais. Depois, amor com amor se paga, não faziam ondas. Nem com os professores que coordenavam nem com os gestores que "geriam". E sobrava-lhes o tempo para acumular no colégio, dirigir as suas empresas, frequentar os chás canasta se lhes aprouvesse. Vinha definido lá de cima quem devia ser eleito e só um acaso infeliz e descontrolado impedia que a coisa saísse certinha.
O que vai mudar?
Tenho para mim que pouco ou nada.
Os que tinham a empresa já andam de atestado de longa duração e não há Junta Médica que os mande para a escola. As Juntas Médicas servem exactamente para isso. Mandam para a escola quem está mesmo doente, como vimos há pouco. Isto justifica a sua existência. Com os outros assobiam para o lado, não se metem.
As trocas de favores manter-se-ão. Os favores serão apenas outros.Vote lá como quiser que sairão da manga outras figuras - cooptação, nomeação ou outros ão ão.
As mudanças pretendidas são apenas de redução de custos. O resto pode ficar com está.
A única coisa em que invisto de há muito para cá é no trabalho com os alunos. Podia ser melhorado se a escola funcionasse noutros termos? Claro que sim. Mas ainda há conselhos de turma em que se consegue apostar. Não sendo ideais, permitem ainda assim que nos sintamos a trabalhar menos mal. E chegar ao fim do ano e verificar que a maioria dos alunos avançou mesmo é o meu gozo anual.
Comentar post