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A revista Visão publicou em 21 de Setembro um suplemento sobre o Estado da Educação.
À mistura com a informação prestada, surge um trabalho essencialmente opinativo por parte dos jornalistas que o efectuaram.
São apresentados valores estatísticos preocupantes, mas seria interessante perceber a causa da sua existência e os jornalistas não fazem esse trabalho.
Teria muito mais interesse perceber a diferença dos números entre os diferentes países. Há valores que estão relacionados com a forma como se estrutura o sistema educativo e que não podem ser comparados.
Em relação a um aspecto concreto, o número de horas que os professores passam anualmente nas escolas, quando se apresentam valores mais altos para outros países, falta informar sobre quantas semanas são contabilizadas em cada país, o que fazem os professores quando estão na escola, que espaços ocupam, como está organizado o seu horário, que condições de trabalho têm. Nada disso é feito. Apenas surge um título que ocupa duas páginas: “Muitos que fazem pouco”.
Aliás, em relação a esse parâmetro, não consigo perceber como é que a OCDE chegou ao valor indicado para Portugal. Não consigo calcular o valor apresentado.
Não faço ideia da qualidade dos indicadores estatísticos fornecidos pelos restantes países. Em relação a Portugal não tenho grandes dúvidas que alguns serão pouco fiáveis. Quem trabalha no sistema educativo sabe que uma das piores características que possui é a má qualidade dos circuitos de informação. Essa comunicação é má tanto dentro de cada escola como na comunicação entre cada estabelecimento e as estruturas organizativas superiores, tanto no sentido ascendente como no descendente. A informação não passa e muitas vezes é transmitida com muitas lacunas.
Voltando ao trabalho jornalístico, este mostra tudo o que não deve ser um trabalho rigoroso.
Se os jornalistas pretendiam comparar Portugal com os restantes países deveriam fazê-lo sempre como os mesmos.
Não é isso que se passa. Em cada quadro estatístico os países vão sendo alterados, de modo a que na selecção feita Portugal fica sempre mal colocado.
Num indicador faz-se a comparação com Espanha, E. Unidos, Grécia, Inglaterra, Irlanda, Islândia, Luxemburgo, México e Suécia, mas noutro já se compara com Alemanha, Dinamarca, Espanha Grécia, Irlanda, Noruega, Polónia e Suiça.
Mais importante do que informar parece ser apresentar valores que justifiquem as afirmações produzidas nos textos.
Jornalismo deste teor é dispensável.