. Março de 2007. Lembram-se...
. Não será um caso de imped...
. Será que já batemos no fu...
. 1º ciclo
. boatos
. eduquês
. escola
. exames
. horários
. política
. sócrates
. tlebs
Na semana passada José Sócrates reclamava na Assembleia da República contra manifestações ensaiadas apenas com o objectivo de tentar mostrar que existe descontentamento social.
Neste contexto não deixa de ser curiosa a contratação de crianças menores de 15 anos para fazerem parte do cenário da apresentação pelo governo do Plano Tecnológico para Educação.
Ainda mais curiosas foram as justificações. Claro que a culpa não foi do governo, mas sim de uma empresa.
Foi realizado ontem o 4º exame de Física e Química A no conjunto dos dois anos em que este exame tem existência.
No material que o aluno pode e deve levar consta a máquina de calcular gráfica.
Após estes 4 exames verifico que a única vantagem desta máquina em relação às máquinas científicas normais é esta poder servir para cábula. Um aluno " bem aconselhado" conseguirá introduzir na máquina elementos "muito interessantes" do ponto de vista da resolução da prova.
Não esquecer que, por determinação superior, o aluno "pode usar todas as potencialidades da máquina".
Hoje em dia circulam pela Internet muitas mensagens alarmistas sobre o produto A ou o produto B e os seus malefícios para a saúde. Sem qualquer fundamento científico e usando uma linguagem vaga e imprecisa, uma das designações pelas quais são conhecidas é a de “novas lendas urbanas”.
Se a internet facilita a sua divulgação, também facilita a demonstração da sua falsidade, bastando para isso uma pequena busca. Existem sites especializados em desmontar estas mensagens.
Uma das mensagens que recebi hoje referia-se ao perigo do uso dos plásticos nos aparelhos de microondas. Para tentar convencer os leitores vem indicado o nome de uma pessoa e uma universidade no final, como origem da notícia.
Claro que basta fazer uma pequena verificação para se constatar que o nome não existe no local mencionado. Também encontrei imensos blogs e sites onde o texto se encontra irresponsavelmente publicado.
Este post vem a propósito de um local onde NÃO PODIA estar publicado: um jornal escolar de uma escola básica, numa edição de Dezembro de 2005.
Embora o jornal seja feito por alunos, os responsáveis são professores, e estes não podiam deixar passar este texto como informação válida que foi lida por essa comunidade escolar.
A informação é falsa e competia aos responsáveis pelo jornal, sabendo a sua origem, verificar essa falsidade, o que seria muito fácil. Aliás bastaria conhecer a forma da sua divulgação para ser feita uma confirmação obrigatória.
Algo vai muito mal quando a escola não é capaz de filtrar estes boatos.
Para que ninguém seja apanhado de surpresa em Setembro, eis as propostas de regulamentação do ECD que irão ser negociadas até 26 de Julho, ou melhor, na manhã de 19 e na tarde de 26, para depois serem aprovadas e publicadas.
É de esperar que, com um ou outro acerto de pormenor, as versões finais não sejam muito diferentes destas.
Os comentários lidos, vistos e ouvidos na comunicação social nos últimos dias, relacionados com os exames de Física e Química A, Física e Química merecem-me algumas notas.
a) Continua a ser notória confusão de muitos comentadores que misturam estes três exames, não sabendo ao que se estão a referir.
b) Gostaria de conhecer o tão glorificado plano para a matemática responsável por esta subida da média na disciplina
É conhecido um plano para o ensino básico, mas que obviamente não tem relação com estes resultados
No secundário além dos testes nacionais intermédios, não conheço nenhum plano estruturado.
c) O aumento da carga horária de Física e Química A, segundo palavras dos responsáveis ministeriais, vai permitir melhorar a componente experimental e aguarda-se que isso tenha consequências no aproveitamento. A verdade é que no exame não existe qualquer questão que aborde a componente experimental, logo, mantendo-se esta estrutura de exames, não é uma melhor efectivação desta componente nas aulas que conduzirá a melhores resultados.
d) Há por parte dos comentadores generalistas, e de alguns especialistas, como a Sociedade Portuguesa de Física, espanto pelos maus resultados nos exames de Física. Não vejo onde está o espanto. Este exame foi feito apenas por alunos repetentes, alguns deles que já andam há alguns anos para acabar o ensino secundário. Os alunos que se matricularam pela primeira vez no 12 º ano não fizeram exame. Nos próximos anos apenas os alunos que já reprovaram no exame este ano, voltarão a realizar a prova, não sendo de estranhar que os resultados continuem maus ou piorem.
e) Em Química, embora o exame também fosse apenas para alunos repetentes, tal como na Física, dado esta disciplina, para os alunos que completaram o 12º ano até ao ano lectivo anterior, servir para acesso a medicina, houve muitos candidatos à melhoria de classificação, alguns já a frequentarem o 1º ano da universidade, pelo que a média foi mais alta.
Nos exames de Física e Química A e de Química do ano passado houve questões que levantaram dúvidas quanto à sua correcção do ponto de vista científico, havendo pareceres contraditórios sobre o assunto.
No exame deste ano de Física e Química A, 1ª fase, além de uma questão que não permitia a resposta, existiam outras questões com redacção questionável, que poderiam induzir o aluno a não escrever a resposta pretendida, ou até mesmo, segundo algumas opiniões, uma outra questão com formulação incorrecta.
São polémicas a mais para tão poucos exames.
Em todas estas questões que suscitaram dúvidas, houve a preocupação por parte dos elaboradores das provas, de situar as perguntas num contexto de uma “ situação real”.
Pergunto-me se não será este furor de contextualização que estará a ajudar à ocorrência destas questões com enunciado controverso, ou até mesmo com erros.
Com a preocupação de tão bem fazer o embrulho, acaba por ser negligenciado o conteúdo do pacote, esquecendo pormenores científicos importantes.
O erro ou, na forma oficial, a incorrecção que inviabiliza a concretização de uma resposta correcta, do exame de Física e Química A ainda vai fazer correr muita tinta.
Qualquer forma de diminuir os efeitos acarreta prejuízos para alguns alunos.
Li que foi entregue uma providência cautelar para impedir a afixação das classificações. Segundo os autores deste documento a atribuição do factor de correcção prejudica os alunos com classificação mais baixa.
É verdade. Um aluno com 8,7 valores poderia acertar a questão anulada, passando a ter 9,5 valores que lhe permitiriam concorrer à universidade com esta classificação. Com 8,7 está impedido de o fazer, pois correcção coloca-o apenas com 9,1 valores.
Apenas os alunos que têm mais de 18 valores conseguem a atribuição dos 8 pontos da questão.
Estes encarregados de educação fazem a proposta de atribuir 8 pontos a todos os alunos. Deste modo não haveria ninguém prejudicado. Mas não iríamos ter reclamações dos alunos que só fazem a 2ª chamada a protestar o benefício em 0,8 valores dos que fizeram o primeiro exame? Não haveria também recurso aos tribunais com este argumento?
A partir do momento em que ocorreu o erro não há nenhuma decisão que seja inócua do ponto de vista de benefício/prejuízo dos alunos.
Acho que qualquer que seja a decisão haverá quem beneficie e quem fique prejudicado. Haverá vozes a criticar, qualquer que seja a decisão tomada.
Da próxima vez que em algum teste eu colocar uma questão mal formulada à qual os alunos não consigam responder, não direi que me enganei, que errei, que não me apercebi do erro.
Os documentos oficiais do GAVE ensinaram-me a dar a explicação adequada.
Eu jamais colocarei uma questão errada mas sim uma questão com uma incorrecção que inviabiliza a concretização de uma resposta correcta.
A senhora Ministra da Educação deu uma entrevista ao JN de ontem.
Confesso o meu alívio depois de ler entrevista. Andava preocupado com a forma como os professores serão avaliados, até porque sempre discordei dos princípios expressos no ECD.
Há na entrevista uma resposta da senhora Ministra da Educação que fez desaparecer as minhas preocupações.
Perante a pergunta,
Quando serão avaliados os professores?
veio a resposta que me tranquilizou.
A partir do próximo ano lectivo. Estamos a finalizar esse trabalho, vai ocorrer um período de negociação, depois a aprovação e publicação.
Perante o enunciado destes princípios de acção sei que posso ficar tranquilo. Não haverá imposição unilateral. Haverá negociação.
Que bom!