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Continua a efectuar-se o “fecho” da margem leste do país.
Não tenho grandes dúvidas que os critérios irão sendo cada vez mais abrangentes. Começou com 10 alunos, já vai em 20 e o número continuará a elevar-se.
Se para escolas com meia dúzia de alunos se poderiam encontrar argumentos de âmbito pedagógico e de socialização das crianças que seriam aceitáveis, quando o número de alunos cresce, esses argumentos deixam de fazer sentido.
Gostaria que o senhor secretário de estado, Valter Lemos, me demonstrasse que um aluno de 6 anos que sai de manhã cedo de casa voltando ao fim da tarde, tem melhores condições para ter sucesso do que um outro que fica numa escola mais próxima de casa e que passa menos horas em ambiente escolar. Se ele me puder demonstrar inequivocamente que tem razão eu mudo de opinião.
Nos critérios para encerrar as escolas há um sobre o qual a informação prestada é nula.
Como é que é avaliado o insucesso de uma escola?
Pelo último ano lectivo? Pelo presente ano lectivo? Por uma média dos últimos anos? Considerando que os intervenientes no processo, alunos e professores, mudam quase todos os anos, é preciso uma grande amostragem para se poder tirar qualquer conclusão credível.
Os alunos que vão mudar de escola por terem maior insucesso que a média nacional, vão ter o seu resultados monitorizados para ver se a opção tomada foi correcta? É que não basta apresentar os números do sucesso da nova escola, onde obviamente, se ela já tinha números de sucesso mais elevados, continuará com valores acima da média. É necessário analisar os alunos que foram mudadas e comparar as suas taxas de sucesso com as que tinha antes. Isso irá ser feito?
Aliás, gostaria de perguntar se isso está a ser feito em relação aos que já foram “expatriados” este ano lectivo? Tenho dúvidas que isso esteja a acontecer. No final do ano lectivo apenas irá surgir o milagroso número do sucesso na nova escola. Não haverá informação sobre quais sãos as franjas que puxam os números médios para baixo.
Há por vezes motivos pedagógicos para encerramento de escolas, mas muitas das vezes apenas se pretende gastar menos dinheiro. Quando a política de um país apenas se rege pela poupança, sem perceber que os gastos que por vezes parecem inúteis, têm outros efeitos positivos, não estamos a ser governados por políticos mas por máquinas de calcular.
Segundo esta notícia pretende-se que exista ensino experimental das ciências no ensino básico. Apesar de a notícia generalizar, presumo que se referirá ao 1º ciclo, visto que nos outros ciclos já existe de forma "mais ou menos obrigatória".
A ideia é excelente, veremos como se concretiza.
A extinção de algumas escolas com a concentração dos alunos em estabelecimentos com maior dimensão poderá facilitar o equipamento dos espaços. Não será necessário material muito sofisticado nem muito pesado, pelo que nesse aspecto, para cada escola a despesa não será muito grande. A questão está em que multiplicar um valor, mesmo que baixo, por centenas de escolas que não têm nada e terão que comprar tudo, acabará por fazer com que se atinjam valores muito elevados. Veremos quais irão ser as prioridades orçamentais.
Outro aspecto a considerar está na formação dos professores, não só na componente experimental, mas em ciência em termos gerais. Muito terá que ser melhorado. Será necessário "começar ontem", e só daqui a alguns anos se poderão começar a ver os resultados. Não acredito em formação feita "à pressão", pois tão importante como saber umas "experiências engraçadas" para mostrar às crianças, è saber explicá-las e ter a percepção da sua importância e da sua explicação correcta dos fenómenos observados em termos de formação científica dos alunos.
Um terceiro factor a considerar é a forma como esta actividades experimentais serão introduzidas no curriculo. Corre-se o risco de suceder como no ensino secundário em que se ficou com um programa extremamente extenso e com algumas actividades desenquadradas dos contéudos. Isto faz com que os alunos acabem muitas vezes por não perceberem o que estão a fazer, por que o estão a fazer e a não saberem fazer.
Como sempre, pouco se pode fazer mais do que aguardar. O passado recente faz-me crer que já está tudo decidido e que em breve se saberá todo o plano.
Por vezes vemos na televisão imagens dos chamados países do terceiro mundo em que a “sala” de aulas das crianças é na rua, onde o “quadro” do professor é o pó do chão, ou onde mesmo existindo sala não há cadeiras.Com alguma frequência somos observadores destas situações.
Agora imaginemos que vemos os alunos a levarem um prato de casa e a comerem na mesa onde têm as aulas, para depois voltarem a colocar lá os livros.
Não! Não vi essas imagens. Apenas ouvi a descrição feita hoje no telejornal da RTP 1.
Não! Não é no terceiro mundo! É em Portugal.
Sobre este caso só mais um acrescento. Tendo em conta a gratuitidade do ensino básico, do 1º ciclo no caso presente, nessa mesma notícia era referido que a câmara municipal exigia 1 euro e 38 cêntimos por dia a cada aluno para fornecer o almoço.
Não ponho em causa a necessidade de encerrar algumas escolas, mas faça-se esse fecho quando houver condições para que isso ocorra.
Segundo se lê na imprensa de hoje o ensino de inglês irá ser obrigatório, no próximo ano lectivo, para os 3º e 4º anos.
Esta medida, que poderia ser uma mais valia para o nosso sistema educativo, surge envolta em três aspectos negativos.
1º Transforma-se em curricular uma actividade que funciona como extracurricular, alargando o horário obrigatório deste ciclo de ensino. Agora é o inglês, qualquer dia será a música, depois a informática e mais o que calhar. O professor “oficial” servirá, num futuro próximo, para ensinar as crianças a ler, escrever e fazer contas.
2º Consagra oficialmente a privatização do ensino oficial. Esta disciplina funcionará fora do controlo oficial, quer nos contratos dos professores, quer nos efeitos das aprendizagens dos alunos.
3º Por muito que a senhora Ministra da Educação e os seus secretários afirmem o contrário, estas actividades, pelos exemplos que se conhecem deste ano lectivo, em muitas escolas não funcionam, funcionam mal, ou sem qualquer controlo de qualidade. Claro que há situações de bom funcionamento, mas não são todas.
O prolongamento dos horários escolares no 1º ciclo tem algumas consequências que não são sentidas pelos grandes defensores desta medida.
Quantos são os trabalhadores por conta de outrem que têm possibilidade de diariamente colocar os filhos na escola às nove horas da manhã? Quantos são aqueles que têm uma disponibilidade horária para os ir buscar às cinco e meia da tarde?
São poucos. Muito poucos. Esta medida de alargamento facilita a vida a quem tem um horário flexível ou trabalha por conta própria. Quem tem horários fixos e rígidos tem grandes problemas em conciliar os seus horários com os dos filhos.
Com as escolas a funcionarem em regime de desdobramento, muitas das crianças frequentavam ATL´s, que os ocupavam no meio-dia em que não estavam na escola. Os novos horários escolares não permitem que os alunos frequentem estes espaços.
Este novo horário não está adaptado à realidade social portuguesa, em que pai e mãe trabalham fora de casa. Este novo horário vem perturbar ainda mais a já difícil vida familiar de muitos portugueses.
Além disso esta medida de alargamento é um passo para retirar do currículo do 1º ciclo, a educação musical, a educação visual, a educação física, o inglês e a informática, passando tudo isto para actividades extra-curriculares. Este tema, devido à sua gravidade, virá a ser desenvolvido neste blogue num dos próximos posts.