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“ enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente, na razão directa dos quadrados dos tempos.”
Extracto de
Poema para Galileu, de António Gedeão
Começa a haver quem já esteja a mostrar aquilo que pensa que deve ser uma escola.
O diploma da avaliação docente, além de apresentar alguns parâmetros que não são aplicáveis a todos os professores; outros que têm uma aplicação favorecedora de determinadas situações particulares, criando injustiça na sua aplicação; e ter parâmetros que não são quantificáveis, ficando a classificação dependente da análise individual do avaliador, das suas opiniões, gostos, amores e ódios pessoais, vemos, agora, como mostra um descritor proposto na escola Correia de Mateus, serve para intimidar e calar as vozes dissonantes.
«Verbaliza a sua insatisfação/satisfação face a mudanças ocorridas no Sistema Educativo/na Escola através de críticas destrutivas potenciadoras de instabilidade no seio dos seus pares».
Este é o descritor que segundo ouvi, nas palavras da ministra da educação quando comentava o caso, terá sido reprovada no Conselho Pedagógico.
Mais do que a gravidade do caso, entristece-me que haja uma pessoa, (ou mais, se a grelha tiver sido um trabalho de equipa), a pensar desta forma e a querer dirigir uma escola nestes termos.
Desta vez foi reprovado, mas quando, com o novo modelo de gestão, a maioria dos elementos do Conselho Pedagógico for nomeada directamente pelo Director, um parâmetro com este teor passará sem dificuldade.
Restará sempre o apelo aos tribunais, devido à sua provável inconstitucionalidade ou ilegalidade. Mas enquanto tal não acontecer as vozes serão amordaçadas, silenciadas e atemorizadas.
Este é um exemplo claro da Escola que poderá estar a chegar. A mesma Escola onde se deverão ensinar a cidadania e os valores da liberdade.
Claro que o contra-exemplo pode ser uma boa metodologia.
Quando se sabem notícias destas, apetece-me sempre ouvir esta música.
Ontem, sábado, no Porto, convocados por SMS, algumas centenas de professores juntaram-se para protestar contra a política de educação do governo.
Considerou a polícia que se estava perante uma manifestação não autorizada e alguns agentes compareceram no local.
Segundo relataram as televisões, nada de anormal aconteceu até os jornalistas começarem a recolher depoimentos. Nesse momento, e com a reunião já desmobilizada, a polícia resolveu identificar as pessoas que prestaram declarações.
A justificação apresentada pelas autoridades deverá ficar para a história da democracia. O comissário afirmou que tendo que identificar alguém, optava pelas pessoas que tinham prestado declarações à comunicação social.
O vídeo da notícia também pode ser visto aqui.
A mensagem é do tipo : “protestem, mas …baixinho, sem câmaras nem microfones”.
Lembrei-me de um excerto de um filme sobre o 25 de Abril, ( penso que produzido pela SIC em 2004), em que Salgueiro Maia diz, no discurso de mobilização aos soldados que na parada iriam partir para Lisboa, que “há o estado comunista, o estado socialista, o estado fascista e o estado a que nós chegámos”.
( Se o texto não for este, será outro muito semelhante, pois faço a citação de memória).
Este é realmente o estado a que nós chegámos.
Será que já batemos no fundo?
A reunião que o secretário-geral do PS realizou no sábado com “professores socialistas”, teve, lendo os relatos que surgem hoje na imprensa, a função de doutrinar os comissários políticos.
Do que se sabe da reunião, fica a ideia que houve preocupação com as eleições do próximo ano e não com a qualidade das reformas a serem feitas. O secretário-geral do PS foi apresentar argumentos, não foi pedir sugestões de melhoramento da lei.
Repetindo uma frase que ouvi: " foram a uma acção de formação".
Na avaliação já se verificou que não há intenção de alterar o que de injusto tem a sua aplicação. Talvez quando dentro de 2 ou 3 anos começarem a manifestar-se alguns dos aspectos perversos da actual regulamentação, um outro qualquer ministro tenha que fazer as alterações. Entretanto, algumas situações agravar-se-ão e injustiças serão cometidas.
No que diz respeito ao diploma da gestão, acredito que ainda haja algumas mudanças ligeiras em relação ao projecto apresentado, depois da reunião que irá ocorrer entre a equipa ministerial e o Conselho das Escolas, que parece ser, neste momento, o único interlocutor que o Ministério da Educação escutaNota 1
Contava-me uma colega, que corrigiu um teste de um aluno que respondeu a todas as questões, não ultrapassando no entanto os 3 valores na escala de 0 a 20.
Também a mim já me sucederam situações semelhantes. O aluno responde errado e muitas vezes a resposta nem sequer é adequada às questões, aparentando no entanto, nas várias páginas que escreve, uma enorme convicção no vazio das suas respostas.
Nota 2
Hoje à tarde vi o debate na Assembleia da República. Assisti às respostas dadas pelo primeiro-ministro às questões colocadas sobre a avaliação dos professores.
Nota 3
O cérebro humano é uma máquina misteriosa. Faz relações incompreensíveis.
Quando foi feita a substituição do ministro da saúde e da ministra da cultura, ouvi um colega comentar que a ministra da educação não tinha sido substituída porque ainda não estava “todo o serviço feito”.
Lendo título do jornal Público de hoje, “Municípios podem vir a tutelar professores”, dá para perceber o que falta fazer.