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Ouvi hoje, com espanto, algumas declarações que aceitavam como boas as justificações adiantadas pelo Gave para o facto de na 1ª parte da prova de aferição de português não serem penalizados os erros ortográficos. Foram opiniões emitidas por um dirigente sindical e pelo Presidente da República.
Assim não ! Eu não aceito!
Não compreendo qualquer modismo pedagógico que consiga considerar como correcto aquilo que está errado. É uma mensagem de facilitismo que passa para a escola e para a sociedade em geral.
Um erro é sempre um erro e uma falta de conhecimento, independentemente de o aluno estar a demonstrar que percebeu um texto ou a explicar uma ideia.
Mas o k e prexixo e o pp fikar contente!
Pode discutir-se a carga horária na disciplina de Educação Física no Ensino secundário. Há argumentos válidos para as duas opções : um tempo lectivo ou dois tempos lectivos.
O que não faz sentido é a situação existente. Cada escola decide a carga horária a atribuir. Além de ser uma menorização da disciplina, cria desigualdades aos alunos: por uma lado a avaliação é significativamente diferente naquilo que pode ser avaliado e na forma como se faz a avaliação com uma carga horária que é o dobro de outra; por outro lado as escolas que optam por um tempo lectivo libertam os horários aos alunos. Esses alunos acabam por te mais um turno livre de aulas. Trata-se de um factor de concorrência desleal entre as escolas na captação dos alunos e até talvez com consequências nos resultados obtidos.
Era importante normalizar a situação.
Segundo o comunicado de hoje do Conselho de Ministros, no próximo ano lectivo todas a escolas, (para já parece que apenas a iniciar no 10º ano), funcionarão com a mesma carga lectiva. A opção foi a de obrigar todas as escolas a terem dois tempos. Só não vejo razão para não obrigar a que os outros dois anos do secundário também já não funcionem desta forma no próximo ano lectivo.
Aplaudo esta medida normalizadora, apesar de eu ser um defensor da redução para um tempo lectivo.
Já agora, parabéns aos docentes de Educação Física da minha escola, que sempre se bateram "fortemente" pela inserção dos dois tempos lectivos.
Hoje estou com vontade de escrever um post diferente. Neste país cinzento e sorumbático, onde uns tantos tentam amordaçar as vozes de quem protesta, decidi contar aqui uma anedota que corre sobre um conhecido político português.
S
Interessante e divertida!
Ainda bem que vivemos num país onde não podemos ser penalizados por delitos de opinião, o lápis da censura foi abolido em 25 de Abril de 1974 e somos livres de expressar o bom-humor.
Numa das últimas reuniões da minha área disciplinar procedeu-se à nomeação dos júris para os exames. Perante o desfilar de júris, peguei na folha onde ia sendo feita a lista e contei 15 (quinze).
Foram constituídos 15 (QUINZE) júris para a realização e correcção de provas a nível de escola.
Há exames de equivalência à frequência, provas de equivalência à frequência, exames equivalentes a exames nacionais, e não sei se mais alguma designação para indicar algo que se chama simplesmente EXAME.
Há exames que não necessitam de matriz, (os equivalentes a nacionais), mas os outros já necessitam.
Para cada exame são elaboradas duas provas, excepto no caso em que não há qualquer aluno inscrito na 1ª fase, em que apenas é elaborada uma.
Há exames em que se sabe não ir aparecer qualquer aluno (Técnicas Laboratoriais), mas em que tem que se fazer matriz e uma prova por cada disciplina (total de 6 matrizes e 6 provas).
Não sei o que se passa noutros países, com outros modelos de avaliação, mas este que usamos parece-me óbvio que não tem qualquer racionalidade.
Outros aspecto curioso reside na forma como são aprovadas as matrizes.
Por que terão as matrizes que ser aprovadas em Conselho Pedagógico?
As largas dezenas de matrizes são aprovadas sem análise. Trata-se de um monte de papel que é apresentado aos membros do Conselho, depois de normalmente já alguém no Conselho Executivo verificar pormenores formais, e é feita a aprovação. Se as matrizes não “subissem” ao Conselho pedagógico, seriam exactamente as mesmas.
A aprovação no Conselho Pedagógico traz alguma garantia de qualidade ou de regularidade? Não me parece.
A aprovação das matrizes deveria passar apenas pelo departamento, ou pela responsabilização directa dos seus autores.
A manter-se a aprovação em Conselho Pedagógico, as matrizes deveriam ser entregues várias semanas antes da aprovação para que uma secção deste órgão as analisasse, sugerisse alterações e esclarecimentos aos autores se tal fosse necessário, e apresentasse um relatório ao plenário. Só assim faria sentido a passagem das matrizes no Conselho Pedagógico. Na forma como decorre actualmente é um “faz de conta”.
As alterações ao Estatuto da Carreira Docente trouxeram um “perigo” latente para a vida das escolas. Esse perigo traduz-se na possibilidade de os Conselhos Executivos tentarem controlar o Conselho Pedagógico através da nomeação de elementos da sua “confiança política”.
Esse processo poderá efectuar-se através dos Coordenadores de Directores de Turma. Há escolas que têm 3 Coordenadores no Conselho Pedagógico e não sei se haverá com 4 no caso em que a escola seja do tipo 3ºciclo/Secundário.
De acordo com o novo Estatuto da carreira Docente os Coordenadores de ano ou ciclo terão que ser Professores Titulares. Estes são eleitos entre os Directores de Turma, que são designados pelo Conselho Executivo. Bastará ao Conselho Executivo seleccionar quem são os Directores de Turma com a categoria de Professor Titular, para escolher por via indirecta 3 ou 4 representantes no Conselho Pedagógico. Se a estes juntarmos mais alguns elementos que ocupam cargos de nomeação pelo órgão de gestão, e que dão assento no Conselho Pedagógico, (número que varia com as escolas), pode haver um grupo significativo de elementos “nomeados”, e uma possibilidade de controlo total das decisões do Conselho Pedagógico por parte do Conselho Executivo.
Ideia absurda?
Às vezes há tentações!
Eu não acredito em bruxas, mas a verdade é que elas existem.
Já são conhecidos os números das candidaturas ao prémio. Podem ser consultados aqui.
Apesar das muitas críticas que fui ouvindo sobre o prémio não me surpreende a quantidade de candidaturas apresentadas.
O facto de a maior parte ser proveniente dos órgãos de gestão está de acordo com aquilo que se vem observando. Nunca houve uma aproximação tão grande entre a estrutura do Ministério da Educação e os Conselhos Executivos, situação que foi claramente verificada num programa Prós e Contras realizado no início do ano lectivo.
Conseguir num grupo de professores conhecidos pelo menos 50 assinaturas para fazer uma proposta já me parecia mais difícil, mas pelo menos foi conseguido em onze situações.
Confesso que sinto uma grande curiosidade. Qual foi a associação profissional que apresentou uma proposta e quantos professores e quais representará?
Será que se poderá vir a saber?
Deixo aqui um lamento por o Dr. Daniel Sampaio, presidente do júri, não exigir igualdade de tratamento ao governo para com outros profissionais, e exigir que o Ministério da Saúde eleja o melhor médico.
Está a decorrer a “Conferência Internacional sobre o Ensino do Português”.
Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, afirma: "Lendo alguns dos programas de Português tenho dificuldade em perceber o que se pretende ensinar".
Infelizmente não é um problema único da Língua Portuguesa.
Eu olho os programas de Física e Química A e em alguns dos temas também não percebo o que é que é necessário ensinar. Quando consulto os manuais e vejo os diferentes graus de aprofundamento das matérias, constato que o problema não é apenas meu.
Afirmou também ser necessário ensinar mais gramática e apostar na qualidade dos textos estudados.
Hoje leio no jornal Público que “É fundamental saber ler televisão”, frase proferida pelo presidente da Associação dos Professores de Português.
Claro, além disso devem também saber ler a Caras, a Maria, a TV Guia.
É pena que o exame de Português não seja vídeo com um excerto de “ A bela e o Mestre”. Talvez assim os resultados fossem melhores.
Uma outra declaração de Carlos Reis merece atenção.
“…como se um poema de Eugénio de Andrade valesse o mesmo que um slogan publicitário e um texto ensaístico de António Sérgio pudesse ser equiparado a um episódio de telenovela”.
Esta é uma questão que deriva das ideologias que assentaram arrais no sistema educativo, que menosprezam a escola como fonte de saber, que consideram o saber adquirido fora da escola, mesmo que contrarie este, com a mesma validade.
O “pós-modenismo” ataca a ciência, onde encontra feroz oposição, mas consegue, como mostra a análise feita pelo professor Carlos Reis, penetrar de forma inequívoca no ensino das outras disciplinas, neste caso o ensino da língua portuguesa.
Foi noticia esta semana o relatório do Júri Nacional de Exames em que são referidos os maus resultados dos exames do 9º ano no anterior ano lectivo.
Aço muito curiosa a conclusão do relatório sobre as classificações em língua Portuguesa .
"Tal situação pode estar associada a determinada confiança no processo de ensino e de aprendizagem da Língua Portuguesa, ao longo do ano lectivo de 2005/2006, confiança essa decorrente dos resultados obtidos em 2005"
Esta conclusão é ridícula, para ser benevolente na linguagem.
Até 2005 os alunos foram bem preparados, incluindo os que fizeram exame no ano passado. Confiantes que estavam a ser óptimos professores, os docentes, no último ano lectivo, não exigiram, não foram profissionais e os alunos que até tiveram dois anos de excelente preparação, no sétimo ano e no oitavo ano, caíram na mediocridade no seu último ano de ensino básico.
Como é possível, sem qualquer análise séria tirar esta conclusão?
Estes resultados deveriam mostrar que os resultados dos exames dependem de inúmeros factores, alunos, provas, critérios de correcção, correctores, etc, e que mostra que ordenar escolas e avaliar professores com base nos resultados de exames é das maiores injustiças que pode ser feita a quem trabalha no ensino.