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As editoras não colocam no mercado a quantidade de livros necessários para que todos os alunos adquiram os manuais necessários antes do início das aulas. Nas primeiras semanas lectivas haverá sempre alunos sem manual, por muito cedo que os tenham encomendados.
Que sentido faz marcar uma falta de material a um aluno que neste momento ainda não possui manual por lhe ser completamente impossível tê-lo?
Trata-se de um excesso de rigor que não conduz a lado nenhum. O aluno está a ser penalizado por algo de que não tem culpa. Deve processar a editora?
Este tipo de falta deve ser marcado quando o aluno já tem o material e por desleixo ou desinteresse não o leva para a aula, ou quando já teve condições para o adquirir e ainda não o fez.
Marcar falta na situação em que o aluno não conseguiu adquirir o livro, não fomenta qualquer atitude positiva no aluno, antes pelo contrário.
Num momento em que a sanha privatizadora foi alargada de forma encapotada ao 1º ciclo do ensino básico, através das pseudoactividades de prolongamento de horário, com a argumentação de que o Estado gere mal, não deixa de ser curioso ler esta notícia. Ainda para mais vinda de uma estrutura, (o fórum de Davos) onde participa um dos empresários que mais crítica o funcionamento do Estado: Belmiro de Azevedo.
Claro que a culpa só pode ser dos serviços do Estado. Se não existissem empresas e serviços estatais já não haveria termo de comparação e o sector privado seria o melhor.
Ontem, no seu habitual programa da RTP, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se surpreendido por não ser necessária o exame de Filosofia para entrar no curso de Filosofia no ensino superior. Marcelo deve andar um pouco distraído porque a notícia já é velha, mas, se esta situação que ele relatou parece estranha, apesar de tudo, o curso será frequentado por alunos que frequentaram a disciplina durante dois anos no secundário, dado esta ser obrigatória.
Uma consulta a esta página, mostrará situações mais aberrantes. A disciplina de Física e Química A no secundário é opção para os alunos do curso de Ciências e Tecnologias. Anotem-se alguns exemplos de situações possíveis, dado que um aluno deste curso pode terminar o ensino secundário sem a sua frequência.
Um aluno pode não ter Física e Química no Ensino Secundário e entrar nos seguintes cursos:
Física, na Universidade de Aveiro
Fisica + Física Aplicada, na Universidade do Porto
Ensino de Física e Química, nas Universidades de Aveiro, Beira Interior, Lisboa e Porto.
Química, nas Universidades de Évora, Vila Real, Lisboa e Porto.
Engenharia Física, em Aveiro e Lisboa.
Muitos mais cursos revelam esta situação: engenharia dos materiais, engenharia mecânica, engenharia de polímeros e até engenharia química poderá ter alunos que desde o 9º ano nunca ouviram falar de química.
Parece absurdo, mas é real.
Não sei que consequências sofreremos todos devido a esta situação, mas boas não serão.
Uma das questões abordadas, muito “levemente”, no programa “Prós e prós”, foi a limitação às faltas dos docentes que o projecto de estatuto da carreira docente prevê. O professor não poderá faltar a mais de 3% do serviço lectivo distribuído.
A argumentação e linguagem usada pela senhora Ministra da Educação provocaram-me um arrepio.
Após escutar a senhora Ministra da Educação verifico que as aulas se elevam acima de tudo. Nada poderá justificar as faltas. O número de aulas obrigatório sobrepõe-se a tudo: até no limite, à morte de um filho ou de um ascendente directo. Não há valores mais altos. Embora a falta seja justificável e justificada, será penalizado na progressão na carreira. Fez-me lembrar as ordens dadas por Salazar aos soldados que estavam em Goa, Damão e Diu quando se deu a invasão destes territórios pela União Indiana. Nem que morressem todos, deveriam resistir até ao fim. Nada justificava a rendição.
Neste momento, segundo o ministério da educação, nada se pode sobrepor a uma falta.
Um professor a quem faleça o pai, a mãe ou um filho, não progredirá na carreira, ou e quiser progredir, o melhor será não ir ao funeral.
Nos últimos tempos o ministério da educação, primeiro pelo senhor Secretário de Estado e agora pela senhora Ministra da Educação, começa a argumentar que se os alunos não ficarem sem aulas o professor não será penalizado.
· Esse não é o texto do projecto.
· Mesmo que viesse a ser letra de lei, não seria viável, dado que não é possível assegurar, para todos os professores que tivessem que faltar por motivos de força maior, a existência de um substituto para leccionar a matéria curricular.
· Se o professor faltoso pretendesse leccionar em momento alternativo, as normas que regem o Ensino Secundário, não profissional, nas escolas públicas, não permitem obrigar os alunos a frequentar aulas fora do horário estabelecido.
Escapou aos construtores da proposta ministerial a enorme relevância que têm todas as reuniões dos órgãos pedagógicos e as decisões lá tomadas. Aí sempre se poderá ultrapassar os 3%.
Não ponho em causa a necessidade de disciplinar alguns casos de excesso de faltas de docentes, mas assim... NÃO!
Há alguns dias, um responsável, de acordo com os jornais um coordenador do Centro de Área Educativa, ameaçou mandar a GNR retirar os filhos aos pais que não os deixavam ir à escola. Isto passou-se em Gemieira, uma aldeia do concelho de Ponte de Lima.
Imediatamente imaginei o ridículo da situação: as agentes da GNR, que nisto de lidar com crianças a sensibilidade feminina é muito importante, a pegarem nas crianças ao colo, que por cima do ombro olhavam para os agentes do Corpo de Intervenção, de capacete, escudo e bastão, a baterem nos seus pais.
Ontem ao ler a revista Visão (nº 707) deparei com uma situação que realmente merecia que se chamasse a GNR, ou melhor, a GNR deveria estar lá verificar, ou no mínimo, agora que ela é conhecida de todos os portugueses actuar imediatamente.
Em Albergaria da Serra fechou a escola que teria apenas cinco alunos, (que não ponho em causa ser um motivo forte para o encerramento), e os alunos passaram a ir para a sede do concelho, em Arouca.
Até aqui tudo bem, até se ver a “prova do crime”.
Na página 91 e 92 estão 2 fotografias. Na primeira estão 4 crianças, (provavelmente com idades entre os 6 e os 9/10 anos), sentadas no banco traseiro do táxi. Quatro!!! Num local onde existem três cintos. No momento da fotografia, preparados para iniciar a viagem, nenhuma delas tem, das três que o podem fazer, o cinto de segurança colocado. Na segunda fotografia, podem observar-se as crianças fora do táxi, já na sua aldeia. São cinco crianças. Uma delas terá viajado no banco da frente.
Vergonhoso!!! Só me resta esta expressão!
Deveria ser interessante saber o que se passará na cabeça destas crianças quando um professor, ou um agente da autoridade que seja convidado para ir à sala de aula, falar de segurança rodoviária: do cinto de segurança e da obrigatoriedade das crianças viajarem no banco traseiro.
Estas crianças vão crescer, ser adultos, com a ideia que há leis, mesmo aquelas que têm a ver com a segurança e a diminuição do risco de morte, que não são para cumprir, isto sob o beneplácito de quem deveria estar atento a estas situações.
Se ocorrer um acidente, e uma destas crianças morrer, por não estar devidamente protegida, quem responderá pela morte: a ministra da educação? Os secretários de estado da educação? O director regional de educação? O coordenador do centro da área educativa? (todos eles propuseram a mudança). O presidente da câmara? O vereador da educação? (aceitaram a mudança assegurando que existiam condições para ser feita). Os pais? ( aceitam que os filhos viajem nestas condições sem alertar as autoridades). A GNR? (que perante uma transgressão conhecida publicamente, não actuou).
Não. Apenas vai existir um culpado e condenado nos tribunais. O motorista do táxi.
O final do programa "Prós e prós", foi interessante. Não tanto por aquilo que os intervenientes directos disseram, mas pelas palavras da "moderadora", Fátima Campos Ferreira.
Quando pela última deu vez a palavra à senhora Ministra da Educação, depois das divergências que tinham existido minutos antes entre o representante sindical e a própria senhora ministra, Fátimas Campos Ferrira disse, referindo-se às "negociações" que estão a decorrer: " A senhora Ministra vai arbitrar".
Já imaginaram o Luisão do Benfica, enquanto vai jogando, de apito na boca a arbitrar o próximo jogo Benfica -Sporting.
Pois é ? O árbitro não costuma jogar.
Só que desta vez Fátima Campos Ferreira acertou.
No programa "Prós e prós" estiveram vários presidentes de Conselhos Executivos. Achei interessante como conseguiram todos falar acerca de um tema sem dizerem nada. Se como docentes tiverem a mesma capacidade para explicar os conteúdos curriculares aos alunos , realmente será melhor que se mantenham nos cargos que ocupam, afastados das aulas.
O tema foi a autonomia. Todos aplaudiram, pediram mais, mas nenhum conseguiu dizer em que consiste exactamente esse aumento de autonomia e para que servirá. Que poderes lhe dará? Autonomia para trás, autonomia para a frente, mas eu, talvez por culpa minha, não consegui perceber do que falaram. Foram discursos de palavras ocas.
Muitas vezes no programa pareceu-me que o discurso era feito para um "grupo de iniciados" e não para a população portuguesa.
Como era de esperar, ontem à noite assistiu-se a mais um programa "Prós e prós".
Uma frase da senhora ministra da educação ficou registada, a propósito da revisão do estatuto da carreira docente e das reuniões, (eu não lhe chamo negociações), com os sindicatos: " ..não procuro que haja uma convergência"
Então se não quer convergência, não seria mais fácil assumir que não muda nada e avançar imediatamente com o "seu" estatuto?
Dá a impressão que as "reuniões" só estão a ocorrer porque a lei a isso obriga e que as decisões já estão tomadas.
Aguardo com baixa expectativa o programa de logo à noite sobre educação no "Prós e Prós".
Apesar de tudo, irei assistir.
As “teorias da conspiração” costumam surgir com grande frequência do outro lado do Atlântico, nos EUA.
A propósito do que se está a passar com a contratação de professores para alguns grupos disciplinares este ano lectivo, deixando professores dos quadros sem nada para fazer, ouvi uma “teoria” bastante interessante.
1) Um funcionário público que não tenha “nada para fazer” ao fim de determinado tempo nessa situação ganha menos.
2) Passado algum tempo passará a um “quadro de disponíveis”.
3) Embora ainda não seja possível despedir funcionários públicos, a próxima revisão constitucional eliminará essa impossibilidade.
4) Quem estiver no “quadro de disponíveis” é despedido.
5) O estado diminui o número de funcionários, mantendo o mesmo número de trabalhadores, só que com vínculo laboral precário e como menor salário.
Claro que tudo isto não passa de uma teoria fantasiosa criada por uma qualquer mente tortuosa.